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Pra que ferramentas de segurança em TTRPGs?


Recentemente, em uma sessão zero com uma foreverGM que estava presa sobre a premissa de um personagem de FIST:ULTRA, eu perguntei para ela: “Por que você não tem jogado RPG?”. Afinal- eu pouco sabia da sua experiência com jogos de RPG como um geral, mas sabia que ela mestrava D&D 5e(2014) e Ordem há alguns anos, mas ela evidenciou que nunca teria jogado de fato uma mesa em fazia um longo tempo. Ela me contou de uma cena horrível que mestres e jogadores em conjunto teriam abusado da única jogadora com PJ feminina da mesa, tudo encenado inicio à fim, sem omissão ou diálogo de numa das partes. Dizia ela que se sentia horrível alguém ter usado um espaço lúdico para tirarem proveito de suas sensibilidades. Aquilo me assustou e eu levo essa estória comigo desde então.

Se você perguntar para qualquer jogador veterano -as vezes- até mesmo iniciante em RPGs de mesa, é comum terem alguma experiência com um mestre despreparado, jogadores briguentos e cenários que beiram a discurso de ódio ou fantasia sexual implícita dos envolvidos. E é uma frustração que criam espaços onde grupos de jogadores e mestres evitam explorar temas sensíveis ou narrativas complicadas que requerem ferramentas de segurança para os jogadores e interferência jogador-mestre para uma relação melhor entre os jogadores que estão lá para se divertirem por um punhado de horas.

Desde esse evento, eu venho perguntando a jogadores novos e velhos que participam de mesas e oneshots minhas- “Tem alguma coisa que você se incomoda a ser narrado?”. Respostam variam- mas quase sempre se desenvolvem em algum tipo de violência: Abuso ou Assédio Sexual , Violência Animal, Violência Visceral (I.e. Gore). Alguns são fobias, como aracnofobia, claustrofobia, medos específicos. Algumas vezes esses jogadores comentam: “Ah- eu não gosto de ser o centro das atenções” ou “Por favor, eu tenho uma questão de saúde mental e certas coisas podem estimular reações negativas minhas.” Por outro lado, a resposta é “Não, nada não.” E descobrimos em meio a jogo que ele não gosta de palhaços e isso o incomodava no meio do jogo, só não sabia que isso podia ser narrado, por isso nunca pensou que seria um problema.

Nem uma das temáticas eu vejo que trabalhar com cautela ou em muitos casos simplesmente excluir tais temas como um empecilho para uma mesa de RPG saudável, seja em uma mesa com amigos de longa data ou uma mesa paga com estranhos. Afinal o ponto retorna; estamos lá para nos divertir, seja como for essa experiência, RAW, narrativo, LARPing, seja como for. Se um mestre ofertou ferramentas de segurança para o grupo, mostra que existe preocupação do mestre com o desconforto (confortável) dos jogadores.

“Mas Vulpes, para mesas de temática sombrias e pesadas, isso não tira mobilidade do mestre; ou pior ainda- tira a diversão da mesa?” Eu digo que não; não é por que estamos jogando com vilões e monstros que precisamos replicar as ações de nossos personagens com nossos pensamentos intrusivos e insensíveis com outros da mesa. Jogar com vilões não permite sermos babacas ou abusar de sensibilidades de jogadores- na verdade- nem precisamos ser vilões, só serem colocados em decisões ambíguas moralmente que abre espaço para permitirmos abrir esse lado perverso da mente humana. Mesa de horror psicológico ou de terror são feitas para serem assustadoras e ou desconfortáveis, mas fazer o equivalente usar uma “imagem de choque” figurativa em uma mesa de RPG não é tolerável para muitos.

Ferramentas de Segurança não servem como um chato falando o que devemos ou não fazer na mesa, a maioria dos jogadores sensatos sabem quando estão sendo trolados em praça pública. Ferramentas de Segurança não são comuns em espaços mais conservadores de TTRPGs, o que é sensato chegar a esta conclusão com hobistas que jogam com o mesmo grupo e o mesmo sistema a décadas e isto não é diminuir um sistema divertido para este grupo de amigos que jogam a tempo juntos- e adoram isso! Mas é notável que ao introduzir novos jogadores, sempre há “rituais de fogo” que fazemos implicitamente mesas com veteranos que tem bastante dinâmica entre eles. Analisar como um jogador narra suas ações, será que ele sabe o sistema que joga? Vamos ter de ensinar alguém algo tão básico quanto calculo do raio de explosão de uma granada de fragmentação? Será que ele lida bem com pressão no jogo? Ele tá roubando a cena de mais pra ele, roubando de menos, não atuando como nós atuamos? Isso acontece, é normal. Ainda mais se o jogador entrou em uma campanha já em andamento- geralmente o quão mais sessões narradas, maior os questionamentos acima são relevantes.


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